LIVE do SINTECT-RS debateu situação do Correios e esclareceu dúvidas

Cerca de 400 trabalhadoras e trabalhadores participaram da LIVE promovida pelo SINTECT-RS na noite da terça-feira (20), para debater a situação do Correios e as últimas medidas tomadas pela empresa em relação à categoria.
O encontro virtual iniciou com uma fala dos dirigentes lembrando o conteúdo do Primeira Hora (PH) que trouxe todas as alterações que impactam na vida e na rotina de trabalho das e dos ecetistas.
Os dirigentes informaram que o tema tem sido estudado e debatido, e para a diretoria “o que está colocado é uma crise real, que existe na empresa e que tem um caráter administrativo, político e disruptivo, que é quando novas tecnologias chegam em algum setor e deixam aquele setor obsoleto”.
UMA SUCESSÃO DE MOVIMENTOS LEVOU A CRISE
Lembraram que uma sucessão de movimentos, especialmente desde 2016, com o governo Temer, envolvendo também o legislativo e a administração da empresa, colocaram o Correios na situação que está hoje.
A situação piorou ainda mais, com a Portaria 149, de fevereiro de 2021, que abriu as portas para outras empresas de logística transcontinentais, que passaram a ter a mesma capacidade aduaneira do Correio. Já em fevereiro de 2024, o Ministro Fernando Haddad criou a Portaria 1086, que acabou com a exclusividade do Correios no comércio que vem do exterior.
De fato, segundo o próprio presidente do Correios, a empresa respondia por 93% do que chegava de e-commerce internacional no país. Com a Portaria, este percentual caiu para 63% em dois meses. Na sequência veio a chamada “PEC das blusinhas”, que taxou em 50 dólares as compras internacionais, movimento que também causou um baque nas receitas da Empresa.
Esses fatores, somados a um sucateamento histórico de mais de 13 anos, sem concurso, não se modernizando, sem investimentos, que aprofundou as terceirizações, especialmente nas linhas “tronco”, levaram a situação de hoje.
MUITO ALARDE, POUCA AÇÃO
Além de todas estas questões, é preciso encarar a forma como a direção da empresa atua. O atual presidente alardeou compra de uma empresa aérea, depois bicicletas elétricas, depois CorreiosPar, Banco Postal, carros elétricos, drones, complexos gigantes em PE e PR. Ou seja, uma clara demonstração de que não há planejamento, não há projeto e a direção do Correios não sabe para onde vai. Nenhuma empresa sobrevive sem um planejamento estrutural de longo prazo, e parece que isso não acontece neste momento, o que temos é muita alarde e pouco planejamento. E a responsabilidade é da direção da empresa, do Executivo, que fragilizou o Correios fortalecendo o setor privado, e do legislativo, que votou o marco da taxação das “blusinhas”. “Hoje, a gente vive essa situação, que falta dinheiro para o plano de saúde, para pagar os terceirizados, como os trabalhadores da limpeza com problemas que não receberam, há paralisação dos trabalhadores de transporte, entre outros fatos que resultam desta crise”.
FECHAR AGÊNCIAS NÃO TRAZ ECONOMIA
Outro ponto analisado pelos dirigentes foi em relação ao fechamento de Agências. Tal medida, segundo eles, não traz economia, já que é através das agências que são captadas as encomendas, as correspondências e que é prestado todo o serviço à população brasileira. Portanto, é um grande erro fechar as agências, impactando inclusive no papel social do Correios. O que a empresa deve atentar é para prestar um serviço de qualidade à população. No caso do RS, duas ACs, na cidade de Porto Alegre, estavam na lista de fechamento, o Sindicato contatou os trabalhadores destas agências e buscou formas de barrar essa medida. A AC Campus do Vale teve seu processo de fechamento revertido. Já a agência do Foro Central, o Sindicato também já tomou as medidas para tentar impedir o seu fechamento.
No que trata dos trabalhadores das agências, também foi levantada a pressão psicológica que os atendentes estão sofrendo, além da pressão dos clientes que querem informações. Com um número muito grande de notícias a respeito do déficit da empresa, chovem perguntas como: “o que está acontecendo com o Correios?”; “o déficit é real?”; “os correios vão falir?”; e os trabalhadores têm que esclarecer à população, sendo que quem deveria dar esclarecimentos era a ECT.
RETIRAR DIREITO NÃO É PLANO DE CONTINGÊNCIA
Outra situação é em relação aos direitos. Se a empresa passa por uma crise, os trabalhadores não podem aceitar que sejam negociados direitos que foram conquistados. A retirada de direitos não é plano de contingência. Por isso, os trabalhadores e as trabalhadoras têm que continuar lutando e barrando qualquer tipo de medida arbitrária da Empresa.
Entre as medidas anunciadas está a suspensão das férias, o que é um direito fundamental da trabalhadora e do trabalhador, e uma questão relacionada à saúde física e mental. Para os dirigentes, o que está no ACT, tem que valer mais que a decisão de uma diretoria burocrática, que quer economizar atacando direitos. Trata-se de um afronta à dignidade dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Nesse sentido, a orientação do Sindicato é de que os trabalhadores que já tenham passagens ou pacotes de viagem
adquiridos, entrem em contato com a entidade para que o jurídico tome as providências necessárias para garantir o direito às férias. Também foi informado que a Fentect já entrou com ação em Brasília para garantir as férias de todas e todos os trabalhadores do Brasil.
TELETRABALHO
A questão do teletrabalho também foi tratada na LIVE, fato que tem gerado apreensão entre os trabalhadores. A suspensão da modalidade como “medida de economia”, assim como as outras anunciadas e que afetam os trabalhadores, não passa de um ataque coordenado para causar pavor na categoria, para causar pânico. E, segundo os dirigentes, a categoria precisa entender isso para organizar a luta. No caso do Teletrabalho, a volta ao presencial, não é uma medida que trará economicidade para a empresa.
Na avaliação da direção da entidade, o real motivo de retorno ao trabalho presencial é forçar que quem está com sua vida organizada nessa modalidade, adiram ao PDV ou aceitem a redução da carga horária, com redução salarial. Portanto, se trata de uma ferramenta de assédio à categoria, para deixar as pessoas acuadas e pressionadas vindo a tomar uma decisão precipitada. O Sindicato já está estudando junto a assessoria jurídica e administrativamente ações que podem ser tomadas para que esta resolução seja derrubada e lembrou que na BA já existe um Termo de Conciliação Judicial, contra o assédio moral dentro dos Correios, inclusive fazendo referência ao teletrabalho.
Em relação a este tema, a orientação do Sindicato é de que as trabalhadoras e trabalhadores não assinem qualquer documento ou tomem atitudes precipitadas e que procurem o Sindicato para verificar os casos específicos e quais os melhores encaminhamentos. Lembraram, também, que já há no RS, duas decisões judiciais, mantendo o teletrabalho para dois trabalhadores, fruto do trabalho do jurídico do Sintect-RS.
PLANO DE SAÚDE
Sobre este tema, foi lembrado que o Correios pode fazer muitas alterações e mudança, mas não pode tirar o plano de saúde da categoria, ou seja, deixar de prestar o serviço da melhor forma possível. Hoje o plano de saúde sucateado e que não atende como deveria a categoria, embora pagando caro por ele. Este é um tema que já exigiu grandes lutas, com uma longa greve no RS, e que precisa que todos e todas continuem lutando por um plano de qualidade e melhorias nos atendimentos. Sobre esta questão, já existe pela Federação uma ação nacional e o SINTECT-RS também entrará com uma ação regional para garantir que as clínicas e os profissionais continuem atendendo.
Nesse sentido, foi solicitado que todos que tiveram atendimentos em clínicas, consultórios, hospitais, laboratório, barrados que passem a informação mais completa possível para que o Sindicato consiga embasar a ação.
COMITÊ EM DEFESA DO CORREIOS
Os dirigentes também lembraram a categoria a necessidade de cuidado com o que está sendo reproduzido a partir de notícias e comentários da imprensa empresarial. Muitas dessas vozes eram as mesmas que há bem pouco tempo atrás defendiam a privatização do Correios e estão aproveitando o momento para dar continuidade a este projeto.
Para lutar em defesa da empresa e contra os ataques a seus trabalhadores está sendo instalado nesta quarta-feira (21), o Comitê Nacional em Defesa do Correios. O SINTECT-RS tem dirigentes participando do Comitê, assim como foi em 2019, contra a privatização da empresa.
Acima de qualquer questão, foi lembrado que o debate principal do Correios é sobre sua função social. As estatais não foram criadas para darem lucro, mas para cumprir uma função social, atendendo a todos os lugares desse imenso país.
Durante a LIVE foram abordados, ainda, questões como a redução da jornada e do salário, PDV, chamada dos concursados, entre outras. As falas seguiram em relação às medidas do PH e, através do chat da LIVE foram feitas e respondidas dezenas de perguntas.
No final, a principal orientação do Sindicato foi de que, na dúvida, o trabalhador e a trabalhadora procurem primeiro o Sindicato, através dos canais oficiais da entidade, antes de assinar ou se comprometer com qualquer coisa. Tanto os dirigentes como a assessoria jurídica podem dar a melhor orientação, de forma a preservar os direitos da categoria.
Todos e todas estão sendo chamados à luta.
Lembrando que a LIVE pode ser assistida no Facebook do SINTECT-RS, pelo link https://abre.ai/mNZT
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Assessoria de Comunicação
21/05/2025 14:07:34