Estudo revela: os Correios não dão prejuízos ao governo

Um estudo apresentado pelo pesquisador da Universidade de São Paulo, Igor Venceslau Freitas, durante audiência pública na ALMT, na segunda-feira (18), comprova: a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) “não dá prejuízos ao país como tenta provar o governo federal” que já anuncia a necessidade de privatização sob a justificativa de contenção de despesas.

Segundo a União, nos últimos dois anos a ECT teria acumulado dívidas da ordem de R$ 4 bi por conta da diminuição das remessas de mensagens postais, seu principal negócio. A causa seria a popularização internet. Para Igor Freitas, “tudo não passa de falácias”. Com o surgimento da Internet o número de postagens aumentou devido ao comércio eletrônico, o que teria elevado a receita da ECT.

“Em 2001, os Correios transportaram cerca de 3 bilhões de objetos postais, hoje movimentam 8,3 bi por ano. Uma carta simples custa, hoje, cerca de R$ 5 por envio, enquanto um objeto de pequeno volume, via PAC ou Sedex, sai em média R$ 30. Isso mostra que não há prejuízos. Portanto, se existem erros esses são provocados pela má administração”, disse o pesquisador que publicou o estudo como tese de mestrado.

Freitas rebateu a necessidade de privatização. “Países como a Argentina e o Reino Unido venderam ‘os Correios’ para iniciativa privada e já começaram o processo de reestatização. EUA e China, que permitem empresas privadas neste nicho de mercado, mantém o controle estatal do setor porque conhecem os prejuízos sociais da privatização: empresas escolhem onde atuar desassistindo localidades com menor potencial financeiro. No Brasil, os Correios cumprem função de integração nacional já que cobrem todo o território, inclusive localidades mais pobres. Privatizar a empresa é desassistir a população mais pobre. O problema financeiro dos Correios é administrativo.”

A tese foi aplaudida por sindicalistas e servidores presentes à audiência que foi requerida pelo deputado estadual Valdir Barranco (PT). De acordo com Edilson Pereira Nery, presidente da Associação Nacional dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, “a verdade é que os prejuízos apontados pela direção dos Correios são oriundos do provisionamento de pós-emprego, cerca de 60%. Um custo que, segundo eles, deveria ser guardado para possíveis gastos com saúde e previdência privada, uma manobra contábel que precisa ser explicada pelos gestores”.

Edmar dos Santos Leite, presidente do sindicato dos trabalhadores da ECT, foi mais longe. “Nosso fundo de pensão, o Postalis, foi arrombado. Nós, servidores, estamos pagando uma taxa de 20% sobre os salários para tentar salvá-lo. Portanto, a justificava dos gestores não convence. Estamos pagamos um prejuízo que não causamos e o governo vem falar em falta de receita, em necessidade de privatização. Isso não cola! Não aceitamos a precarização dos Correios tampouco a privatização.”

Os trabalhadores dos Correios receberam apoio de outras categorias profissionais, como bancários, telefônicos e servidores do Detran-MT. “Se for preciso ir pra ruas contra a privatização e em apoio aos servidores podem contar conosco”, disse uma representante dos servidores do Detran-MT, lembrando que a categoria “é de luta e não aceita a diminuição de direitos”. Prova disso, “é que os servidores estão em greve pela reposição das perdas salariais”.

Outro lado – O superintendente da ECT, Edilson Francisco da Silva, que representou o presidente Guilherme Campos, rebateu os argumentos. Disse que A ECT acumula prejuízos por perdas em seu negócio principal ao longo dos anos e com o custeio, por exemplo, do plano de saúde dos servidores. “Pagamos 92% do custo com a saúde enquanto outras empresas públicas tem uma participação na casa dos 50%. Além disso, gastamos muito com a manutenção de agências de pouco fluxo de clientes. Em cidades onde isso ocorre faremos fusão de agências”, disse Edilson para rebater a informação de fechamento de várias unidades sem explicar quais agências terão as atividades encerradas.

Na audiência ficou definida a formação de uma frente ampla formada por sindicalistas, trabalhadores, deputados e vereadores para lutar contra a privatização da ECT, fechamento de agências e pela garantia de direitos dos trabalhadores.

Assessoria de Comunicação

C/Informações da ALMT

21/09/2017 10:32:53

Nara Soter