SOBRECARGA DE TRABALHO NÃO É BONIFICAÇÃO, PRECISAMOS DE CONCURSO E AUMENTO REAL
Sem nenhuma surpresa os trabalhadores receberam a mais nova ideia dos gestores do Correios, esta que tenta mascarar a precária situação em que vive hoje a categoria. Iluminados em seus escritórios, sem terem colocado um único pé nas unidades que amargam falta de pessoal, abusam de terceirização e com falta de total condições de realização do trabalho, alguns gestores tiveram a brilhante ideia de criar o Projeto #R (# Realize), visando especialmente a Black Friday de novembro, quando o volume de entregas aumenta consideravelmente.
Não bastasse os atendentes terem metas abusivas agora a parte da entrega agrega mais uma forma de pressão, mais uma meta. Na prática, o projeto só mostra o quanto a gestão está descolada da realidade vivenciada pelos trabalhadores e trabalhadoras de Correios.
Os problemas com o projeto são vários e graves, mas principalmente, mascara a grave falta de efetivo que só será solucionada com concurso público urgente. Premiar para que os trabalhadores entreguem mais do que já vem fazendo, é o mesmo que trocar alguns reais por remédios, já que o adoecimento é grande e mais volume de trabalho, com ou sem bonificação, só vai piorar esse quadro. Para os trabalhadores já tem sido humanamente impossível fazerem mais do que estão fazendo, percorrendo trajetos muito maiores, com bolsas muito mais pesadas, trabalhando a pé, muitas das vezes, em trajetos que deveriam ser feitos do moto, só para citar alguns problemas que chegam sistematicamente ao Sindicato. Ou seja, não resolve e ainda agrava o problema da sobrecarga de trabalho que já existe no Correios.
Além disso, e falando no bônus, parece que esta será a política adotada pela empresa, como se viu na negociação, que, ao invés de dar reajuste e aumento real para a categoria, paga um bônus aqui, outro ali, e vai empurrando com a barriga a situação financeira dos ecetistas, que são os que têm os salários mais baixos entre as estatais. Essa política bonificatória só aumenta as distorções salariais e não tem qualquer impacto quando os trabalhadores se aposentam, por exemplo. Portanto, é uma política que apenas coloca uma cortina de fumaça num problema sério, que tem feito muitos trabalhadores desistirem do Correios, em função dos baixos salários. Os trabalhadores precisam é de reajuste digno e recuperação das perdas acumuladas durante anos.
Outra questão diz respeito ao assédio moral que, em algumas unidades, já se constitui numa política de gestão e que deve piorar com o bônus impondo metas desumanas aos trabalhadores. O #R se constitui, assim, num instrumento para aumento do assédio por parte das chefias.
Além disso, a prática privilegia o individualismo em detrimento do coletivo e é discriminatória, à medida que envolver carteiros e chefias, deixando de lado os demais trabalhadores dentro de um processo que tem várias etapas com igual importância para o resultado.
O que os trabalhadores querem é um reconhecimento efetivo, respeito a sua dedicação e tratamento justo e igualitário. Qualquer política que não dialogue com estas práticas, não passa de ideias estapafúrdias para tapar o sol com a peneira e elevar o que já está ruim para o nível de péssimo.
Os trabalhadores do Correios não aguentam mais.
Concurso público já!
Assessoria de Comunicação
26/09/2023 15:39:48