VIDAS NEGRAS IMPORTAM 04 – Os desafios para as mulheres negras
Se as desigualdades que atingem a população negra são muito ruins para todos, para as mulheres negras elas são ainda piores. Superar esta condição exige uma luta constante que, além da cor, enfrente o preconceito de gênero e de classe, que discrimina pela baixa condição social, onde se encontram a maioria destas mulheres, muitas delas chefiando famílias.
Não por acaso, as crises econômicas e as reformas (como a trabalhista), atingiram mais fortemente às mulheres e, entre elas, as mulheres negras, já que, no mercado de trabalho, a discrepância é grande em relação aos brancos.
Em se tratando de violência, a situação também é cruel. Estudos como o Mapa da Violência, mostram que entre as mulheres assassinadas no país, a maioria é negra. Elas sofrem mais com o assédio, com o racismo e com o classismo (condição de classe social).
Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019 registraram 66.041 casos de violência sexual. Deste total, 81,8% das vítimas eram do sexo feminino e 53,8% tinham até 13 anos. As mulheres negras foram vítimas de 50,9% desses casos de assédio. E a ideia de um Brasil como país não racista, dificulta a real necessidade de se combater os índices de violências contra a mulher negra.
Muito embora a gravidade do cenário para a mulher negra, o governo machista e racista de Bolsonaro não tem qualquer política pública para este segmento social e ainda destruiu avanços conseguidos com muita luta. Da saúde à violência, este governo não tem qualquer inciativa voltada para as mulheres e, muito menos, para a mulher negra.
As mais afetadas pela pandemia
Uma análise dos dados da pandemia mostra que as mulheres – e entre elas as negras – estão entre os grupos mais afetados pela pandemia, especialmente quando o assunto é impacto econômico. Segundo a organização Sempreviva Organização Feminista (SOF) isso é resultado do fato de que as mulheres são majoritariamente o grupo social que está em empregos mais precários e informais, ou aquelas que sobrevivem com até um salário mínimo, de aposentadoria, de trabalhos domésticos ou prestadoras de serviço e, ainda, em geral são chefes de família, responsáveis pelo sustento de filhos e outros familiares, o que tornou a sobrecarga da mulher mais “intensa” durante a quarentena. Além da questão econômica, com a pandemia e quarentena, elas viram aumentar a violência dentro de casa.
Importantes para o futuro
Segundo o PNAD/IBGE, o brasil conta com cerca de 212 milhões de pessoas negras ou pardas. Mesmo sendo a maioria da população, é a que mais sofre com a violação de direitos fundamentais, resultado de um passado escravagista. A superação deste cenário passa por iniciativas que visam conscientizar e defender o direito desse grupo.
O exemplo de líderes históricos e personalidades negras são importantes para a valorização e o orgulho da ancestralidade que faz a diferença, uma lição que começa dentro de casa. Reconhecer as dificuldades e se movimentar na direção da superação é fundamental.
É preciso acabar com o silenciamento e a invisibilidade de iniciativas que fortaleçam o protagonismo das pessoas negras na sociedade, da cultura à construção de políticas públicas, passando pela produção de conhecimento, valorização das lutas, das suas raízes e do seu potencial. Só assim poderá ser possível um país justo para todos.
As lutas continuadas resultaram em conquistas e mudanças, mas apesar disso, direitos básicos da cidadania ainda não foram assegurados às mulheres negras, como atestam diversas pesquisas. E é isto que precisa ser mudado, e com urgência.
Assessoria de Comunicação
18/11/2021 18:44:50