Resultado do Correios em 2022: erro contábil ou manipulação?
A categoria foi surpreendida com a informação de que, a partir da reunião do Conselho de Administração ocorrida no dia 24/03/23, o balanço do Correios referente a 2022, registra um resultado líquido negativo de R$ 809 milhões. A notícia foi reiterada pelo Primeira Hora do mesmo dia.
A notícia gera questionamentos e estranhamentos, pois a expectativa, baseada em informações oficiais e declarações do ex-presidente da estatal, indicavam um resultado positivo superior a R$ 1,5 bilhão. Inclusive esse aspecto foi muito evocado pela gestão da empresa quando das negociações da nossa PLR. A empresa por diversas vezes buscou encerrar as negociações da PLR 2021 e partir direto para a PLR 2022. Lembrando que em 2021 tivemos lucro de R$ 3,7 milhões.
Segundo explicações da empresa a estatal teve, de fato, resultado recorrente de R$ 1,5 bilhão ano passado, mas a mudança do cenário final se deve ao provisionamento de R$ 1 bilhão para processos judiciais (ações trabalhistas) julgados em 2021, para os quais não há mais recursos. Nessa perspectiva o resultado esperado e anunciado seria fruto de um balanço com erros de lançamentos.
Foi uma maquiagem a fim de não mostrar as catastróficas repercussões da gestão bolsonarista na empresa? Uma dissimulação para favorecer a venda dos Correios? Malabarismo contábil para poder pagar altos prêmios aos diretores? São perguntas que pairam. Vimos recentemente, no caso das Americanas, como balancetes podem ser manipulados com resultados desastrosos, especialmente para as trabalhadoras e trabalhadores.
Assim, na prática, todo este imbróglio de números da antiga e da atual gestão, recaem sobre quem trabalha diariamente. Frente ao anúncio de prejuízos, como fica nossa PLR? Que em 2022 veio magra, mas que esperávamos ter sido o fim de longos oito anos sem nenhuma participação. Um recurso, que frente ao brutal ataque aos direitos sofrido pela categoria nos últimos anos, seria muito bem-vindo.
Assim, apesar da retirada do Correios da lista da privatização, o que de fato é uma excelente notícia, o ano começa na contramão das expectativas da categoria, que contava não só com dias melhores para a empresa, como a recuperação dos nossos direitos – desde as cláusulas do nosso ACT até a PLR anual. Como muito bem pontuado na Carta aberta às trabalhadoras e trabalhadores dos Correios e à sociedade Brasileira da FENTECT o caso reforça o imaginário de que são os direitos trabalhistas que “quebram” as empresas.
O passivo trabalhista é fruto de decisões políticas, tanto dando causa as ações, como na forma como é ou não incorporado no resultado contábil. Não vamos carregar nas costas o peso de gestões assediadoras.
Assessoria de Comunicação
30/03/2023 20:49:19