Racismo: o tamanho da luta que temos pela frente!

Neste dia 21 de março, quando é celebrado o Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial, uma data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de reconhecer a luta e as vitórias no que diz respeito aos direitos sociais para todas as raças, os números indicam a magnitude da busca pela igualdade em diversas áreas, incluindo o mercado de trabalho.
De acordo com o estudo “Síntese de Indicadores Sociais” do IBGE, a remuneração por hora dos trabalhadores brancos é 67,7% maior do que a dos trabalhadores pretos e pardos. Enquanto negros – conjunto de pretos e pardos – recebem R$ 13,70 em média, os brancos recebem R$ 23. Isso significa que os negros recebem por hora 40% a menos que os brancos. Essa é apenas uma das dimensões das desigualdades raciais no país. Ao observar a diferença racial pela escolaridade, nota-se que os brancos recebem mais do que os pretos e pardos pela hora trabalhada em todos os níveis de instrução. Entre aqueles sem instrução ou com fundamental incompleto, por exemplo, a diferença é de 30%. A maior disparidade ocorre entre os trabalhadores com ensino superior completo, onde os brancos recebem 43,2% mais pela hora trabalhada – R$ 40,24 contra R$ 28,11.
O estudo também aborda a desigualdade no rendimento médio real da população. Enquanto a média salarial geral no país ficou em R$ 2.979, a média do salário dos brancos é R$ 3.847, superando em 69,9% o valor recebido pelos negros – R$ 2.264. Embora tenha ocorrido uma redução na desigualdade em 2019 devido à pandemia, a análise da remuneração média nos dois últimos anos da pesquisa (2022 e 2023) revela um aumento da disparidade, passando de 65% para 69,9%. Esse efeito está relacionado com a posição ocupada pelas pessoas em um ano marcado pela recuperação do mercado de trabalho, onde a população branca teve mais facilidade na retomada do mercado comparativamente à população preta ou parda.
Desigualdade por sexo
A pesquisa também analisa a desigualdade de gênero, mostrando que homens superam mulheres em termos de rendimento médio recebido. Eles ganham R$ 3.271 contra R$ 2.588 das brasileiras, ou seja, 26,4% a mais. Em relação ao valor da hora trabalhada, os pesquisadores apuraram que o valor recebido pelos homens foi de R$ 18,81 em 2023, sendo 12,6% maior que o das mulheres (R$ 16,70). “Os resultados indicam a existência de desigualdade estrutural, dado que esses diferenciais foram encontrados em todos os anos de 2012 a 2023”, destaca o IBGE. A desagregação por cor ou raça, assim como o recorte por sexo, são fundamentais para o entendimento das desigualdades no Brasil.
Informalidade
Os dados de emprego do IBGE consideram a população com 14 anos ou mais de idade e todas as formas de trabalho. O nível de informalidade é outra forma de observar a desigualdade racial no mercado de trabalho do país. Em 2023, a proporção de pessoas em ocupações informais era de 40,7%. Mas, ao se analisar por cor, identifica-se que a informalidade entre os brancos era de 34,3%, enquanto entre os negros era de 45,8%. Trabalhador informal é aquele que não tem garantido direitos como férias, contribuição para a previdência social e 13º salário.
A publicação do IBGE indica que os dados correspondem “a uma característica estrutural do mercado de trabalho brasileiro desfavorável aos trabalhadores de cor ou raça preta ou parda”.
Os pesquisadores também examinaram dados da subutilização da mão de obra brasileira, que inclui pessoas desocupadas, aquelas que têm jornada de no máximo 30 horas semanais e gostariam de trabalhar mais, aquelas que procuraram trabalho e as que não chegaram a buscar mas querem uma ocupação. A taxa de subutilização foi de 18% em 2023, sendo que para os brancos somou 13,5%. Para pretos e pardos, a taxa foi de 21,3%. A desigualdade está presente também em relação ao gênero. Para os homens, a taxa foi de 14,4%, superando a das mulheres, que foi de 22,4%.
Assessoria de Comunicação
Com informações da Agência Brasil
21/03/2025 15:28:48