Trabalhadores do Correios no RS rejeitam proposta da empresa
Os trabalhadores e trabalhadoras do Correios no RS rejeitaram a proposta da empresa para a campanha salarial 2023 da categoria, por ampla maioria, em assembleias realizadas na noite do dia 14/09 em Porto Alegre e nas subsedes.
Apesar de reconheceram avanços importantes nas cláusulas sociais, criticaram a postura da empresa em relação a questões importantes, como o reajuste salarial real e a ausência completa de novas definições em relação ao custeio do Plano de Saúde, também foi apontado com indignação a volta da “política do abono”.
Para a categoria, a política de abonos é equivocada e perversa, pois representa um ganho imediato, que não se mantém, não incide em outras verbas e menos ainda é levada para a aposentadoria. Mas, para as pessoas endividadas e lutando para fechar o mês é altamente tentadora, o que leva, muitas vezes, ao fechamento de acordos desfavoráveis para trabalhadores no médio e longo prazo.
A categoria de Correios está entre as mais penalizadas nos últimos seis anos e já ocupa o pior lugar entre os salários de estatais, o mínimo que os trabalhadores e trabalhadoras esperavam de um governo que se diz dos trabalhadores, era uma postura diferente de gestões históricas como FHC e fascista como a de Bolsonaro.
Para nós a devolução das cláusulas roubadas da categoria pelo governo anterior e a reposição da inflação é o ponto de partida da negociação. Mas, a gestão da empresa tratou a devolução das cláusulas como uma benesse, retomou a política de abonos que mantém o arrocho salarial e não avançou na recuperação das perdas econômicos históricas da categoria, em especial, a destruição do nosso Plano de Saúde, que atualmente conta com uma saída de 1.000/1.500 trabalhadores por mês, devido a impossibilidade de custear o que deveria ser um benefício.
O resultado, caso a proposta venha a ser aprovada nas demais assembleias, é que os trabalhadores e trabalhadoras de Correios amargarão mais um ano de arrocho, de empobrecimento e tendo que renunciar ao Plano de Saúde por não poderem mais pagar a mensalidade, em uma velocidade ainda maior. Hoje a cláusula do plano de saúde é considerada abusiva e com grandes prejuízos, principalmente, para os aposentados que estão sendo expulsos após décadas de dedicação e adoecimento.
Os dirigentes do SINTECT-RS também criticaram o atropelo da empresa, em apresentar uma proposta às 17h do dia da Assembleia (14/09). Lembrando que originalmente nosso calendário era para dia 12/09, porém a empresa aguardou até o dia 11/09 para informar que precisava de mais um prazo de 48 horas. Após o comunicado, a FENTEC negociou uma data unificada de nova Assembleias para o dia 14, o que nos colocou nessa situação vexatória de novamente ficar rendido pela decisão da gestão largar ou não a proposta a tempo das Assembleias.
A atitude da empresa deixou clara a intenção de desmobilizar a categoria, que tinha a data de 14 de setembro como indicativo de greve frente a uma proposta que não atendesse de fato os trabalhadores e trabalhadoras. O curto tempo entre a apresentação da proposta e a Assembleia sequer proporcionou aos dirigentes sindicais e a assessoria jurídica da entidade uma análise mais detalhada do documento, o que foi também considerado um desrespeito com as representações dos trabalhadores. Mesmo assim, foram identificadas importantes questões que deixam margem para dúvidas, inclusive em relação ao Plano de Saúde, questão das mulheres, da licença-maternidade, entre outras.
Outro ponto destacado pelos trabalhadores é que a empresa não avançou em relação a entrega domiciliar matutina que, para os trabalhadores tem a ver com sua a saúde e qualidade de vida, não podendo ser pautada apenas pelas questões de resultados econômicos para a empresa.
Por fim, a proposta não garante o retorno dos 70% das férias e do vale-cultura, benefícios retirados pela gestão anterior, e surpreendentemente agora mantida por esta gestão. O 70% de férias foi uma prática de 30 anos no Correios!
Já o concurso público, importante reivindicação da categoria, está pautado no documento de maneira superficial e sem nenhum compromisso efetivo. Isso significa uma grande chance de que se continuará a brutal sobrecarga de trabalho, as terceirizações e o adoecimento de toda a categoria. Situações que ficam ainda mais evidentes frente ao anúncio de 800 milhões de investimento do PAC, que o presidente da empresa fez questão de esclarecer que serão totalmente gastos em estrutura, não com salários ou similares. A pergunta que fica é: quem trabalhará nestas estruturas que serão criadas?
Por tudo isso foi deliberado a rejeição da proposta da empresa, a manutenção do estado de greve e a exigência que seja retomado o Comando de Negociações, para que juntos e juntas possamos construir um Acordo Coletivo de Trabalho que contemple a categoria!
Assessoria de Comunicação
15/09/2023 14:30:54