Sindicatos de trabalhadores de Correios de diversas regiões do Brasil expressam sua solidariedade aos ecetistas gaúchos

Sindicatos de trabalhadores de Correios de diversas regiões do Brasil expressam sua solidariedade aos ecetistas gaúchos

A superlive realizada pelo SINTECT-RS no sábado, dia 08, evidenciou de forma concreta, a solidariedade que vem sendo expressa pelos trabalhadores e trabalhadoras de Correios de diferentes regiões do país. Os diversos dirigentes que participaram da live a convite do Sindicato do RS, não só somaram nas campanhas de PIX, como garantiram reforçar e ampliar os pedidos de ajuda aos ecetistas gaúchos.

Os dirigentes gaúchos iniciaram a live esclarecendo que todos os sindicatos do Correios do país foram convidados a participar e agradeceram a todos, dirigentes e trabalhadores da base que tem ajudado na Campanha “É hora de entregar solidariedade”. Também agradeceram os trabalhadores gaúchos, que com todas as dificuldades também têm mostrado solidariedade, lembrando que ela pode ser expressa não só com as doações em dinheiro, mas também com serviços e com a força de trabalho e doando roupas, alimentos, brinquedos e tudo que as famílias precisam para, minimamente, recomeçar suas vidas. “Unidos sempre somos mais fortes e precisamos mostrar, agora, nesse momento, uma unidade para lutar contra todos esses efeitos climáticos e melhorar nossa condição de vida como seres humanos, como amigos, como colegas”, apontaram os dirigentes gaúchos, destacando que mais de 400 trabalhadores de Correios, entre direto e terceirizados, foram atingidos diretamente pelas enchentes, um número que tem aumentado semanalmente.

Os dirigentes falaram sobre a cláusula 61 e a forma como se deu o pagamento para os atingidos pela tragédia climática. Apesar da importância desta conquista, que consiste no valor de um salário básico para os trabalhadores, a empresa conseguiu distorcer o benefício ao lançar como salário, os descontos de INSS e Imposto de Renda, reduziu significativamente o valor recebido. Os dirigentes destacaram que questionaram a empresa, mas ainda não tiveram retorno. Mas, frisaram que a iniciativa da empresa retira todo o propósito da cláusula. “Isso mostra a importância de lutarmos e aprimorar o Acordo Coletivo”, conclamaram.

Os trabalhadores alertaram que é possível que catástrofes como essas passam a fazer parte do calendário anual dos trabalhadores, impactando suas vidas e de suas famílias, especialmente se não tiver uma reação dos governos no sentido de agir preventivamente e se continuarem com a precarização das estruturas de proteção, da devastação das margens dos rios e uma série de outras agressões e descasos ambientais.

QUANDO UM É ATACADO, TODOS SÃO ATACADOS

Um dos primeiros dirigentes a falar foi o representante do Sintect-Campinas que reiterou a solidariedade do trabalhadores da região aos ecetistas gaúchos. Disse que mesmo sem querer politizar a tragédia, é preciso frisar que quem mais sofre nos momentos de calamidades é a classe trabalhadora, que não tem a mesma opção que a elite de simplesmente pegar seus carros e jatinhos e deixar as cidades. “O capital não faz qualquer movimento para evitar que esses desastres aconteçam. Eles se defendem, mas deixa os trabalhadores entregues à própria sorte. Por isso, não podemos achar que a ajuda virá do capital”, pontuou o dirigente.

Ele lembrou que a cláusula 61 foi uma conquista e uma vitória da classe trabalhadora e lembrou que a campanha deste ano terá que ser muito forte, aproveitando para afirmar que os trabalhadores de Campinas e região não poderão ficar de fora. “Quando um é atacado, todos são atacados”, acrescentou.

Na sequência, quem manifestou sua solidariedade aos ecetistas gaúchos, foi o representante do Sintect-Amazonas. Falou sobre a importância da campanha “O Rio Grande do Sul precisa de você”, que arrecadou doações dos trabalhadores e da população nos Centros de Distribuições, principalmente alimentos, atendendo as notícias que apontavam para a necessidade de alimentos perecíveis. Ainda lembrou que o Amazonas também passou recentemente por uma crise climática, manifesta lá pela seca dos rios, penalizando muitos municípios e as suas populações.

Por fim reiterou que o Sintect-AM continuará apoiando os trabalhadores gaúchos através da campanha de PIX: “Pode contar com a gente. A união de todos é que vai valer”, acrescentou.

UM PERÍODO MUITO DIFÍCIL

Depois de saudar os ecetistas do RS, o representante do Sintect-Sergipe lembrou que os trabalhadores de Correios já foram colocados a prova na época da pandemia, quando tiveram que continuar trabalhando, muitos tombando e contaminando suas famílias. Por isso, destacou, a importância de um Acordo Coletivo que ampare a categoria nos momentos de dificuldade. “A responsabilidade que temos enquanto sindicalistas é de estar observando o que acontece no Brasil e no mundo em termos de fenômenos climáticos, pandemia, epidemias, porque tudo isso acaba refletindo nos trabalhadores”.

Ele também destacou a importância da empresa pública, assim como todos os sistemas públicos, como o SUS. “É especialmente nestas horas que a gente vê a importância do Correios público”, apontou. “É importante que a gente tenha essas empresas públicas aí fazendo um trabalho que vai além do mero lucro. A gente se aproxima da campanha salarial e a gente começa a ver várias matérias falando até de prejuízo, matérias que a gente não sabe qual fundo de verdade que tem. Bem, mas mais do que lucro e prejuízo, a gente tem que reafirmar aqui o compromisso da empresa e dos trabalhadores naquilo que é mais fundamental, naquilo que é mais importante, que é servir ao povo brasileiro, servir a população brasileira. Essa é a função primordial, tanto nos Correios, quanto do SUS, quanto de toda a estrutura estatal que hoje tem sido colocada aí pelos trabalhadores se reerguerem novamente. Então, aqui da nossa parte de Sergipe e acredito que de todo o nordeste, toda a nossa solidariedade, toda a nossa força aí para os irmãos do Rio Grande do Sul”, finalizou.

Na sequência o representante do Sintect-SC iniciou sua fala afirmando “Queremos dar um fraterno abraço ao povo gaúcho, povo irmão, literalmente, porque fizemos fronteira com o RS”. Apontou que o que aconteceu no Rio Grande Sul é principalmente falta de políticas públicas em situações que já aconteceram anteriormente. Lembrou que em SC a população passa por situações semelhantes, com frequentes enchentes e deslizamentos de encostas. “É preciso prefeitos, governadores e o governo federal entrarem em uma conversa franca, em um diálogo direto” disse ele, acrescentando que o recurso disponibilizados pelo governo federal não é muito, mas é uma ajuda.

Sobre a cláusula 61 frisou, a necessidade de discutir os descontos para encontrar formas que eles não sejam feitos. Ele defendeu que a operacionalização da cláusula deve ser discutida no acordo coletivo, mas não descartou a possibilidade de um termo aditivo para melhorá-la imediatamente. “A gente tem que discutir esse tema e para isso eu convoco toda a categoria do Correios a participar das assembleias no dia 13, onde vamos referendar a pauta. Os companheiros do Rio Grande do Sul, apesar das grandes dificuldades que estão passando, irão fazer assembleia deles. Espero que os trabalhadores consigam participar. Se não presencialmente, de forma virtual, para a gente iniciar uma campanha salarial forte”, disse ele.

O diálogo entre os Secretários Gerais do RS e SC ainda ressaltaram a importância das questões raciais na categoria, da simbologia de dois homens negros estarem a frente de sindicatos em estados que o racismo estrutural busca invizibilizar a existência da população negra. Pontuando que tragédias como essa evidenciam o racismo ambiental e as desigualdades na nossa sociedade que precisam ser enfrentadas.

A representante do Sintect-São José do Rio Preto também manifestou solidariedade aos ecetistas gaúchos e parabenizou a direção do SINTECT-RS por estar colocando a vida dos trabalhadores e das pessoas em primeiro lugar, mesmo com todas as dificuldades. Reforçou as falas anteriores sobre a necessidade de melhorias na cláusula 61: “O que era para trazer um pouco de alento, acabou trazendo transtornos”, definiu ela.

“Infelizmente, a gente não pode dizer que acabou, que não vai acontecer novamente. Então quero frisar que estamos com vocês nessa luta do povo gaúcho. Vamos trabalhar muito para compartilhar a campanha de vocês para doações através de PIX, mantimentos, o que for possível.

Próximo a falar, o representante do Sintect-Mato Grosso do Sul também iniciou sua fala reafirmando sua solidariedade aos trabalhadores e trabalhadoras do RS. Lembrou a proximidade cultural do RS com o MS e disse que a movimentação naquele Estado, especialmente com os CTGs, tem sido muito importante, resultando em várias carretas de doações sendo destinada ao RS.

Também destacou a importância das empresas e serviços públicos: “Temos aí o SUS, o Correios, levando com a sua logística e várias doações do país inteiro, fazendo chegar no Rio Grande do Sul sem cobrar nenhum centavo por isso, o que as empresas privadas não fazem”. Por fim, reiterou que os ecetistas gaúchos podem contar com os colegas mato-grossenses com o que tiver ao alcance deles.

“Em nome do povo acreano, em especial dos trabalhadores do Correios, quero prestar a nossa solidariedade ao povo do Rio Grande do Sul, em especial aos trabalhadores dos Correios. Aqui no Acre também temos sido atingidos por várias questões climáticas, assim como vocês praticamente todos os anos, a gente passa por esse problema de enchente, não é fácil, e só quem passa por isso sabe a dificuldade de superar uma situação dessas. Mas comparado à questão que aconteceu no Acre, agora recentemente, e o que aconteceu no Rio Grande do Sul, é uma coisa totalmente desproporcional”. Com essas palavras, a representante do Sintect-Acre reiterou o apoio dos ecetistas acreanos. Em sua fala também propôs uma reflexão sobre a culpa da tragédia climática e ponderou que é preciso olhar hoje para as mudanças climáticas, que sejam destinadas verbas para prevenção e chamou a atenção para a importância que nas próximas eleições, sejam eleitas pessoas responsáveis e com compromisso com as questões climáticas. “Não adianta elegermos pessoas que não tem nenhum compromisso com a questão ambiental e com os trabalhadores, porque essas pessoas não vão zelar por nós e nem pelo meio ambiente”, acrescentou.

Por fim, destacou as ações do governo federal e reforçou a importância da contribuição de todos os trabalhadores para ajudar aqueles que perderam tudo no RS.

Para o representante do Sintect-Santos, a live foi importante para mostrar para os trabalhadores em nível nacional a situação do RS. “Certamente todos os sindicatos que estão nessa live e aqueles que não estão, mas também estão sabendo, certamente virão colaborar de alguma forma para ajudar os trabalhadores do Rio Grande do Sul, especialmente os trabalhadores dos Correios”. Segundo ele, além da live, o Sindicato santista tem aproveitado a mobilização da campanha salarial para chamar os trabalhadores a solidariedade através do PIX da campanha do SINTECT-RS. “Amanhã pode ser outros trabalhadores de outra região do país que precisem e é importante que a gente tenha essa sensibilidade de colaborar e ajudar”, disse ele.

ESPERANÇA NA LUTA

A classe trabalhadora, ela sempre consegue se reerguer quando ela se organiza, pode superar as dificuldades. Com essas palavras, o representante do Sintect-Paraíba ratificou seu apoio aos trabalhadores e trabalhadoras gaúchas. Ele frisou que a crise climática é uma situação que precisa ser enfrentada num mercado que só pensa no lucro. O resultado são pessoas mortas, desabrigadas, passando fome e agora as doenças que podem vir dessa tragédia. “Essa crise climática é a consequência justamente da exploração da natureza, que advém da questão do mercado que determina o quanto vamos explorar. E a classe trabalhadora é quem é punida. E os sindicatos como representantes da classe trabalhadora tem que fazer o debate franco sobre essa questão e, principalmente mobilizar a classe trabalhadora”.

O Sintect-Santa Maria, no RS, também participou da superlive. O representante do Sindicato destacou o negacionismo dos representantes dos governos estadual e municipais e disse que é preciso entender o que significa para uma família perder tudo de uma hora para outra, inclusive a sede do Sindicato foi fortemente atingida. Informou que em Santa Maria, poucos trabalhadores foram atingidos. “Essa iniciativa do SINTECT-RS de incentivar a participação da classe trabalhadora é muito válida”, avaliou ele.

Finalizando a live, os dirigentes do SINTECT-RS agradeceram a participação e o engajamento de todos se fizeram presentes a live. Eles reiteraram que as doações podem ser também em serviços, inclusive nas limpezas das casas.

Eles também falaram sobre a sede do Sindicato, onde a água chegou a 1,70 metros, com grandes perdas, de documentos, memórias, equipamentos e outros itens. “Não deixem de apoiar nossos colegas, nossos trabalhadores, podemos repensar toda a vida como ser humano e isso significa sermos mais solidários”, disse um dos dirigentes.

Também foi informado à categoria que o Sindicato está atendendo na sede da av. Sertório, 4171 e que o Sindicato, em nenhum momento deixou de atender a categoria

Também foi informado que o Sindicato irá continuar solicitando a liberação dos colegas para limpar as casas suas e demais colegas, o que já foi feito, mas ainda sem resposta da empresa e outros temas envolvendo postagens mais para frente, consignados, carência de seis meses para novos empréstimos, situações envolvendo o Postal Saúde, a situação dos terceirizados, que não receberam os dias que não trabalharam.

Por fim, agradeceram a todos e destacaram que muitos sindicatos que não participaram da live, também contribuíram e estão divulgando a campanha de arrecadação do SINTECT-RS.

Assessoria de Comunicação

10/06/2024 00:07:22

Nara Soter

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *