Machistas, não passarão

Machistas, não passarão

Nos últimos dias, foi postado no grupo de WhatsApp “Funcionários dos Correios”, manifestações de um colega inconformado, porque foi chamado a prestar depoimento na Delegacia, em face de uma denúncia de perseguição política feita contra ele por uma colega da categoria, atualmente diretora do Sindicato, na pasta da Secretaria de Mulheres.

Nestas manifestações, o colega desqualifica a denúncia, dizendo que se trata de “mimimi”, ironiza os documentos anexados a mesma e ataca o Sindicato, afirmando que está virado num “sindicalismo patronal”, onde parte da direção está misturada com o governo e o patrão, acusando a entidade de estar sendo usada contra o próprio trabalhador.

As manifestações do colega não prosperam. O sindicalismo do SINTECT-RS é referência nacional de combatividade, sobretudo na defesa da categoria e enfrentamento aos governos e patrões. Fomos, mais uma vez, à linha de frente na mobilização dos trabalhadores pela greve na campanha salarial. Enquanto a maioria dos sindicatos filiados à Fentect aprovou o ACT 2024/2025, rejeitamos a proposta e denunciamos o desrespeito da empresa à data-base e suas manobras ante a falta de nitidez nas cláusulas dos reajustes. No retorno das atividades, denunciamos o assédio de gestores nas convocações para compensações de greve com sobrecargas, exigindo que trabalhadores ecetistas tenham o controle sobre as tarefas a serem colocadas em dia.

Da mesma forma, a nossa Secretaria das Mulheres atua na defesa da categoria, como na produção de orientações às vítimas de assédio moral e/ou sexual nos locais de trabalho, na exigência de garantias à saúde das trabalhadoras frente a patronal, travando uma árdua luta contra o machismo e a violência contra as mulheres tão presentes na sociedade capitalista. Neste sentido, as lutas das trabalhadoras devem ser respeitadas e incorporadas pelo conjunto da categoria, que também é feminina e negra, ainda mais diante de uma realidade dramática, num país, em que a cada 2 minutos uma mulher é agredida.

Em 2023 através da comissão de mulheres do SINTECT-RS, com sua secretária de mulheres a frente, organizou o Março das Mulheres, com uma série de reuniões temáticas debatendo com o conjunto de trabalhadores ecetistas gaúchos o machismo recreativo. Agora em meio a greve de 2024 foi organizado uma Roda de Conversa com as trabalhadoras que estavam em luta, na sede do Sindicato, mostrando o comprometimento de incorporarmos cada vez mais a luta das mulheres nas pautas da categoria.

Assim, na nossa opinião, se a trabalhadora ecetista entende que está sendo vítima de violência política por parte de um colega, seja ela diretora ou não, não é papel da entidade sindical impedir que recorra aos meios legais disponíveis para que os fatos sejam apurados. Tampouco nos cabe privar uma colega de participar da gestão à qual ela foi eleita, por conta de suas relações pessoais e/ou preferências político-partidárias.

Há mais de 30 anos, a Constituição Federal de 1988 (a Constituição Cidadã) prevê os direitos políticos de trabalhadores. Em meio às eleições, é normal que as manifestações políticas ocorram. Conversar sobre política, até mesmo no local de trabalho, é necessário e saudável, o que não pode é haver pressão para qualquer trabalhadora(or) a votar no candidato “a” ou “b”, pois isso é assédio eleitoral e é crime!

Além disso, a participação das trabalhadoras nas entidades sindicais é uma conquista da luta das mulheres a ser celebrada, uma vez que o machismo e a dupla e/ou tripla jornadas de trabalho, impostas às mulheres, atuam como obstáculos para seu pleno desenvolvimento. Não à toa, as trabalhadoras são minoria das sindicalizadas, maioria nos postos de trabalhos mais precários, com as mulheres negras recebendo os menores salários e tendo menos oportunidades de ocupar cargos de chefia e direção.

Por fim, considerando a prática como o critério da verdade, não temos nada a reparar quanto a atuação da direção do SINTECT-RS, especialmente das mulheres, no que tange a luta intransigente pela defesa dos direitos e interesses da categoria. Trata-se de um Sindicato que respeita as decisões da categoria e coloca a autonomia sindical em primeiro lugar, independente de quaisquer governos e/ou patrões, o que passa também pelo respeito com toda a diversidade política dos membros da direção e das relações pessoais dos mesmos.

SINTECT-RS

15/10/2024 14:44:26

Nara Soter

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