RACISMO NO COMPLEXO DA SERTÓRIO

RACISMO NO COMPLEXO DA SERTÓRIO

No dia 12 de novembro, mês da Consciência Negra, chegou ao SINTECT-RS uma grave denúncia de injúria racial no complexo da Sertório do Correios do RS.
Um trabalhador negro, que trabalha na higienização, foi acusado de furtar o aparelho de telefone celular de um colega, enquanto exercia sua função. O colega da área da CLTI, um trabalhador branco, não só se sentiu no direito de acusar, como de promover revista física no trabalhador terceirizado dentro do Correios, sob o olhar de várias pessoas.
De maneira exaltada exigiu a devolução do celular. Obrigou o trabalhador a abrir seu armário e sua mochila para revistar, um constrangimento sem limites e uma condenação a priori, meramente balizada em questões de aparência. O trabalhador agredido relatou ainda, que momentos depois do fato ocorrido, o colega encontrou seu celular e voltou para pedir desculpas!
Não é direito de ninguém tomar as vezes de policial ou agente da lei, a título de “fazer justiças com a próprias mãos”. Quando isso acontece, o que vemos são injustiças sendo realizadas e varridas para debaixo do tapete. A relação racial está profundamente enraizada também como hierarquia de trabalho, trabalhadores terceirizados são majoritariamente negros e estão expostos a muitas violências, especialmente o desrespeito a seus direitos trabalhistas.
Nesse caso voltamos a apontar à ECT que, ao escolher usar a terceirização como forma de contratação, promove a violência em seus locais de trabalho, tanto por fechar os olhos para trabalhadores sem direitos trabalhistas, como por tratar institucionalmente estes trabalhadores de forma diferente ou mesmo na violência direta como a deste caso.
Esperamos que se faça cumprir o que a cartilha que trata do combate às opressões do Correios diz ser: “marco significativo na jornada da atual gestão dos Correios, que está comprometida em enfrentar o assédio, o racismo, a misoginia e todas as formas de discriminação, promovendo um ambiente de trabalho mais justo e inclusivo”. Se a diversidade é um dos valores para a administração da ECT, a SE/RS deve criar espaços de debate e aprendizagem com o intuito de combater atos racistas, misóginos e homofóbicos nos ambientes de trabalho, para que situações como a ocorrida não aconteçam mais em suas dependências.
Toda forma de opressão deve ser combatida. O Sindicato vai acompanhar este caso e cobrar da ECT que se enquadre e cumpra as normativas do Executivo Federal que tem como meta combater os assédios e as opressões nas relações de trabalho na administração federal e nas empresas vinculadas a sua esfera.
Cabe destacar que a responsabilidade de tudo que acontece no local de trabalho é do empregador, nesse caso a ECT, que tem a obrigação de promover um local de trabalho onde não exista nenhum tipo de opressão.
O trabalhador da higienização encontra-se abalado, foi orientado a tomar as medidas legais e esperamos que a justiça seja feita, e a vítima não seja culpabilizada, pois uma “a injustiça em qualquer lugar, é uma ameaça à justiça em qualquer lugar”, disse Martin Luther King Jr.
Assessoria de Comunicação
18/11/2024 11:20:42

Nara Soter

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