Concurso no Correios: insuficiente e frustrante

O Correios vem anunciando, desde a negociação do ACT do ano passado, que faria um concurso para preenchimento dos cargos vagos. Agora, parece que finalmente o certame sairá do papel, uma vez que a empresa já anunciou a banca responsável pelo concurso, que ofertará 3.468 vagas, divididas da seguinte forma: 3.099 para nível médio e 369 para nível superior. Do total de vagas, 20% são reservadas a candidatos negros e 10% para pessoas com deficiência. Mas este é só o primeiro passo. Um longo caminho ainda terá que ser percorrido até que os aprovados sejam chamados e comecem a atuar.
Para a região sul (RS, SC e PR) são oferecidas 696 vagas de nível médio e 28 de nível superior, um número, de carteiros e atendentes que não atende sequer o RS, muito menos toda a região.

SEIS POR MEIA DÚZIA

Paralelo a isso, a empresa também está implantando um novo Programa de Demissão Voluntária. Ou seja, está realizando concurso cujo número de contratações já é insuficiente para repor o efetivo reduzido ao longo de 13 anos sem concurso, com aposentadorias, demissões e programa de desligamentos voluntários e, no mesmo momento, abre um programa para saírem ainda mais trabalhadores. Na prática, a situação deve ficar igual, ou seja, está trocando seis por meia dúzia.
Na negociação de 2023, os trabalhadores tiveram como uma das principais reivindicações a realização de concurso público. De lá para cá nada aconteceu, a não ser novas aposentadorias e mais desligamentos. Este ano, novamente, entre as reivindicações da categoria, continuou o concurso público, que até agora foi apenas anunciado. Mas sem um calendário efetivo de realização.
Além disso o número de contratações é insuficiente para repor a mão de obra desligada nos últimos 13 anos. O Correios já teve, em 2011, cerca de 120 mil trabalhadores. Neste período, passou por dois programas de desligamento, houve muitas aposentadorias e a Covid-19, quando a categoria foi declarada como essencial, levou mais alguns trabalhadores. Hoje, o efetivo total fica em torno de 88 mil trabalhadores (dados de 2022). No entanto, o volume de trabalho aumentou vertiginosamente, favorecido pelo e-comerce, exigindo entregas mais rápidas e volumosas. Nem está colocado nesta conta, o brutal desmonte da empresa e das condições de trabalho, especialmente a partir de 2018, quando a empresa entrou na lista das privatizações e passou a ser completamente destruída.
Por isso, o anúncio de concurso, que deveria ser um alento, apenas sinaliza que o pesadelo da sobrecarga de trabalho, da falta de pessoal e das terceirizações ilimitadas devem continuar.
E não é por não ser atraente. O último concurso, realizado em 2011, oferecia 8.346 vagas de Agente dos Correios (Atendente Comercial – 2.272, Carteiro – 5.060, e Operador de Triagem e Transbordo – 1.014) e teve mais de um milhão de inscritos. Agora, desde 2023 quando começou a ser especulado, segundo sites especializados em concurso público, o do Correios é um dos mais esperados. Portanto, também por isso o número de vagas anunciadas, além de insuficiente, é frustrante.
Há tempos a categoria vem cobrando da empresa um dimensionamento realista de pessoal, mudanças nas estratégias de gestão tomadas com vistas a privatização da estatal e que as decisões tivessem a participação dos trabalhadores/as. A empresa fez ouvidos de mercador, ignorou as propostas da categoria e agora lança um concurso para inglês ver. Não resolverá o problema de pessoal e manterá os trabalhadores atuando com uma sobrecarga desumana, distanciando a empresa cada vez mais do lugar que já ocupou no país, como a empresa mais eficiente e querida da população brasileira.
Uma decisão que vai na contramão do alardeado pelo governo de valorizar a classe trabalhadora, aumentar o emprego e a renda dos brasileiros e colocar as empresas estatais a serviço do desenvolvimento da Nação.
O Sindicato continuará acompanhando e cobrando da empresa a realização do concurso público já e que ele atenda às necessidades dos trabalhadores e trabalhadoras e possibilite ofertar serviços de qualidade à população.
Sindicalize-se e ajude a fortalecer a luta que é de todos e todas!
Assessoria de Comunicação
13/09/2024 16:00:22