Trabalhadores de Correios do RS rejeitam, por unanimidade, proposta da empresa
Em assembleia virtual realizada na quarta-feira (06), os(as) trabalhadores(as) de Correios do RS rejeitaram, por unanimidade, a proposta da empresa para negociação 2021/2022. A decisão foi tomada depois de passados todos os informes sobre o processo e feitos esclarecimentos sobre pontos da proposta considerados, pelos trabalhadores, como impossíveis de serem aceitos e que se constituem em verdadeiro “pega ratão”.
A assembleia iniciou com informes sobre a situação precária de trabalho, como no CEE Centro, onde há infestação de ratos e surto de Covid-19 e das ações judiciais do Sindicato, como a ação do trabalho aos sábados.
Em seguida, foi feito um relato da tramitação do PL 591 no Senado e da audiência pública, realizada na mesma quarta (06), pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa. Apesar das manifestações contrárias à privatização de alguns senadores, causou preocupação a posição do relator do PL, senador Bittar, que ignorando completamente todos os fatos e dados apresentados, repetiu o discurso do governo de que a empresa dá prejuízos e que ficará inviável em poucos anos, como justificativa para privatizar.
Sobre este tema, os dirigentes do Sindicato reiteraram a necessidade de uma mobilização forte da categoria, como a proposta de um acampamento em Brasília, entre outras iniciativas, além de ser mantida a mobilização nas redes sociais. Foi informado que outra audiência será dia 21 de outubro, desta vez com representantes de entidades e membros do Senado favoráveis à privatização da empresa.
Como as duas audiências foram em separado, o senador Paulo Paim (PT/RS) informou que fará um pedido formal para que uma terceira audiência seja realizada com a participação de ambos os campos e, também, que outras comissões debatam a questão.
Mas, a avaliação das representações dos trabalhadores, é de que há um relativo equilíbrio entre as posições contrárias e a favor do PL e, por isso, a pressão e mobilização da categoria pode ser decisiva.
Ainda na parte dos informes, foi dada orientação quanto ao trabalho aos sábados, domingos e feriados, de que os trabalhadores tenham muito cuidado com as convocações que vêm sendo feitas pela empresa e que não assinem qualquer documento, sem antes entrar em contato com o Delegado Sindical da região ou diretamente com o Sindicato, que dará as orientações necessárias de forma a preservar o trabalhador.
Proposta muito ruim para a categoria
Na sequência, os dirigentes fizeram um relato da negociação, com destaque para a postura da empresa, que, este ano, abusou da intransigência e das fakenews. E mesmo frente a uma mudança de postura, que agora tenta dar o ar de que quer negociar, é importante os trabalhadores não caírem neste discurso, especialmente porque a proposta da empresa é muito ruim para a categoria.
Tanto que somente no dia 5 de outubro foi que a empresa apresentou formalmente, uma proposta, e mesmo assim, longe ainda de atender as expectativas dos trabalhadores e onde não menciona os 70% das férias, plano de saúde e as outras cláusulas retiradas do ACT em 2020.
Em relação especialmente ao plano de saúde, lembraram que a empresa tem que levar em conta as novas regras a partir do projeto aprovado no Congresso da deputada Erica Kokai (PT) e que reforma o que havia sido estabelecido pela GCPAR 23.
A pressa da empresa também está relacionada ao seu interesse de implantar o maldito banco de horas, que de acordo com a CLT, só poder ser implantado via Acordo Coletivo e portanto, em julgamento de dissídio, deve ficar de fora. A negociação, que pressupõe a concordância dos trabalhadores, também tem como objetivo legitimar o crime cometido em 2020, de retirar 50 cláusulas do ACT dos trabalhadores, o que, de forma alguma pode ser aceita pela categoria. Uma coisa é a Justiça determinar, outra bem diferente é a categoria aceitar os ataques da empresa.
Se a empresa quisesse mesmo negociar, teria respeitado a representação dos trabalhadores na mesa, teria tido boa vontade em relação as audiências de mediação do TST, mas não fez nada disso, mentiu o quanto pode e, agora, quer posar de mocinho e fazer de conta que está negociando.
Os dirigentes alertaram, ainda, que a aceitação do acordo por parte dos trabalhadores, pode também causar prejuízos às inúmeras ações que vem garantindo itens que a empresa retirou do acordo coletivo em 2020 e que estão em andamento, como as ações quanto aos sábados, os 70% das férias, liberação de dirigentes sindicais, entre outras.
Ou seja, todas as razões apontam para que a categoria não dê seu aval para as trapaças e armadilhas da empresa. Por isso, a orientação do Sindicato, e que teve resposta positiva da categoria na assembleia, foi de rejeição da proposta como forma de mandar um recado à empresa: os trabalhadores não são bobos!
Não vamos nos vender por centavos
Precisamos não esquecer que a gestão da empresa vem trabalhando para destruir o Correios, o que passa por destruir também os direitos e benefícios dos trabalhadores. Nada que venha destes gestores, que seguem a mesma cartilha do governo privatista e genocida do Bolsonaro, pode ser visto como benéfico para a categoria. Ano passado tiraram 50 cláusulas do ACT, inclusive as que sequer tinham repercussão financeira, e agora, querem que os trabalhadores se vendam por alguns centavos nos tíquetes. Um mau acordo tira da categoria o direito de lutar na Justiça para resgatar os direitos perdidos no ACT e acaba com qualquer possibilidade de resgatar estas cláusulas em negociação. Portanto, é NÃO para os jogos e trapaças da empresa e NÃO para esta proposta.
A mobilização continua. Aguardem os próximos encaminhamentos e participe das atividades – presenciais ou virtuais – chamadas pelo Sindicato.
Assessoria de Comunicação
07/10/2021 16:36:08